quinta-feira, 10 de março de 2011

Marcio Bittar, um cinqüentão com cara de menino avisa: “Deverá ser candidato a prefeito pela oposição quem tiver melhor na pesquisa”


Deputado federal mais bem votado pelo Acre e proporcionalmente o segundo do Brasil, o ex-agricultor, depois fazendeiro e aprendiz de comunista na juventude, Marcio Miguel Bittar (PSDB), é o nome da oposição mais falado para disputar a prefeitura de Rio Branco em 2012. Hoje ele é um cinqüentão que se gaba de estar bem maduro politicamente, “pronto para qualquer desafio”, tem o sonho de ser prefeito da capital e um dia governador do Estado, mas caminha sobre um pedregulho de vaidades da oposição. Além de seu colega de partido, Tião Bocalom, que cobra espaço pela surpreendente votação na eleição passada, quando disputou o governo, precisa conviver com as ameaças do PMDB, de lançar candidatura própria, com a sombra do senador Sérgio Petecão (PMN), para quem opositores das mais distintas matizes tomam a benção desde que rompeu o véu da Frente Popular ao “roubar” a vaga certa de Edvaldo Magalhães, sem contar outros nomes igualmente colocados no centro da cobiça, como os do ex-deputado Luiz Calixto (PSL) e o do atual deputado Major Rocha, também criado no ninho tucano. Mas Marcio é o famoso político liso. Não briga com ninguém, a menos se não for por frases de efeito, num nível alto, como ele mesmo julga seu comportamento. É do tipo que nem mesmo contra as figuras proeminentes da FPA, como o governador Tião Viana e seu irmão Jorge, senador, seus algozes, diz um tantinho assim.
Pois é esse Marcio Bittar que espera ser escalado para a disputa do ano que vem. Numa conversa informal com este repórter, em pleno carnaval, cercado de familiares e assessores próximos, fez considerações que julga importante, como a mais surpreendente delas até aqui: “Tem que ser candidato a prefeito quem estiver melhor nas pesquisas”. Nem parece que nos bastidores do PSDB paulista e no planalto central Bittar tem feito lá seus contatos, viabilizando-se junto à executiva nacional. Mas ele é ainda mais humilde, quando afirma que se engana quem pensa que seu grupo está brigando para ele ser o candidato. “Repare que estou perguntando as pessoas se é importante eu ser candidato. Não estou impondo nada e nem vou impor”, diz.
Marcio Bittar transforma em piada questionamentos internos sobre seu comportamento com relação a Frente Popular. Lembra que pautou toda sua carreira política fazendo a boa vizinhança e, melhor, sempre obtendo êxito. “Você me conhece desde que entrei para a política. Nunca fui de agredir ninguém. O povo não gosta disso, rapaz”, fala, polido, e mais evasivo do que nunca nesse assunto.
Bittar corre o sério risco de não ser candidato a prefeito em 2012. Um outro concorrente forte está dentro de seu partido e, ao contrário do que parece, se articula igualmente. É Tião Bocalom. Sua discreta vantagem na briga pelo posto principal da oposição está na forma de pisar macio. É do tipo que não cria atritos com jornalistas, nem com os correligionários que acha estarem pisando na bola, caso do senador Petecão. “Eu acho que ele errou no voto do salário mínimo, mas isso não é eu que tem de julgar. Nem vou dizer isso para ele”, espezinha, para depois soprar. “Mas é uma legenda da oposição”. Marcio fala sobre a disputa para o governo em 2014, mas acha o assunto vazio, pela distância. “Só acho que a eleição de governador começa na disputa pela prefeitura, em 2012. Ninguém vai ganhar essa prefeitura para si. Essa prefeitura faz parte dum projeto coletivo da oposição. Se não colocar isso na cabeça, a Frente Popular vai continuar nadando de braçadas”, projeta.
Marcio Bittar é da escola do PMDB, mas atualmente cobra originalidade. Diz que desatrelou-se do estilo Flaviano Melo, embora o tenha na cota dos bons políticos do Acre, e prova sua genuinidade sempre lembrando da disputa pelo Senado em 2002. Na época montou um palanque sozinho e por pouco não rompe o então blindado clube da Frente Popular, que conquistaria as duas vagas de Senado (Marina Silva e Geraldo Mesquita Júnior) e reeleito de lavada Jorge Viana governador.
Até ter seu nome chancelado para disputar a prefeitura de Rio Branco em 2012, Marcio Bittar tem muito a fazer. Além de tentar viabilizar seu nome no Acre, precisa quebrar “diplomaticamente” a simpatia que a nacional nutre por Tião Bocalom. Mas, sobretudo, Bittar e toda a oposição precisam combinar com o eleitor da capital, que deu vitória à ao grupo na eleição do ano passado e, segundo informações sigilosas, por meio de pesquisas não registradas, ainda mantém Bittar na cabeceira, mas que pode mudar de idéia sob os auspícios duma eventual boa atuação do governador Tião Viana nos próximos 16 meses. “Sou pé no chão. Sei que política é momento”, diz Bittar, entre outras afirmações não publicadas, pelo fato de a conversa ter sido na mais absoluta informalidade.

Comente com o Facebook:

Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário